Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.
Manhã do dia 23 de fevereiro de 2025, escrevendo esse texto e relacionando em minha memória os clientes que atendo e que plantaram e/ou renovaram áreas de pastagens nesse período de chuvas da safra 2024/2025. Muitos desses clientes já colocaram animais para fazerem o primeiro pastejo e/ou colheram a forragem para conservação sob as formas de feno, pré-secado ou silagem.
O objetivo deste texto é o de estabelecer os fundamentos para a definição quanto ao primeiro uso da área recém-estabelecida, ou por meio do pastejo, ou por meio da colheita mecânica da forragem.
Recomendo que algum integrante da equipe que foi treinado para tal vá à área recém-plantada pelo menos duas vezes por semana após o dia da semeadura ou do plantio das mudas. Ele deve ter anotado a data da semeadura/plantio das mudas e deverá anotar a data do início da emergência das plântulas após a germinação das sementes e/ou brotação das mudas. Saber as datas da semeadura/plantio das mudas e da emergência das plântulas/plantas, é fundamental para definir quando contar o estande de plântulas/plantas, quando controlar plantas daninhas, quando fazer uma adubação de cobertura, e para prever a data do primeiro uso da área.
Por exemplo, o estande de plântulas se estabelecerá até 15 dias após o início da emergência das plântulas. Se aparecer sintoma visual de deficiência nutricional nas plantas, a janela ideal de adubação de cobertura para a correção da deficiência deve ser até 30 dias após o início da emergência das plântulas. E se a área for infestada por plantas daninhas, a janela ideal para o seu controle é de até 40 dias após o início da emergência das plântulas.
Por outro lado, a data prevista para o primeiro uso da área deve ter como parâmetro as alturas alvo de manejo do pastoreio ou do corte e colheita de cada planta forrageira e não o calendário humano porque o tempo necessário para o alcance das alturas alvos dependerá dos fatores de crescimento de plantas, tais como luz e radiação solar, temperatura, água e nutrientes. Mas pelo menos é possível estabelecer uma meta – o primeiro pastejo deve ser feito entre 40 a 50 dias após o início da emergência das plântulas.
No quadro abaixo está um guia de manejo do pastoreio pelas alturas alvos em pastagens já estabelecidas e em pastagens recém-plantadas que serão pastejadas pela primeira vez.
Guia de manejo do pastoreio pelas alturas alvos em pastagens já estabelecidas e em pastagens recém plantadas que serão pastejadas pela primeira vez.
Altura de entrada (cm) | Altura de entrada (cm) | Altura de saída (cm) | Altura de saída (cm) | |
Forrageira | Pastagem já estabelecida | Primeiro pastejo | Pastagem já estabelecida | Primeiro pastejo |
Andropogon | 50 | 40 | 25 | 30 |
B. brizantha cv Marandu, MG4, Paiaguás, Piatã | 25 | 20 | 12 | 15 |
B. brizantha cv Xaraés, MG5 | 30 | 25 | 15 | 20 |
B. humidicola | 25 | 20 | 12 | 15 |
Cynodon Estrelas, Tiftons, Vaquero | 25 | 20 | 12 | 15 |
Panicum cv Massai e Tamani | 30 | 25 | 15 | 20 |
Panicum cv Tanzãnia, Zuri | 70 | 55 | 35 | 45 |
Pennisetum capim Elefante | 100 | 80 | 50 | 60 |
Observa-se no quadro acima que as alturas alvo de entrada dos animais para o primeiro pastejo devem ser 20% menor que aquelas recomendadas para pastagens já estabelecidas cuja estrutura do pasto já esteja definida. Isso porque o estande de plântulas ideal varia entre 15 a 50/m2, dependendo do hábito de crescimento da variedade forrageira, mas o estande de plantas já estabelecidas não precisa ser maior que 5/m2. Portanto, 67 a 90% das plantas emergidas desaparecerão sem comprometer a estrutura e a produção do pasto e nem a sua vida útil. Com 15 a 50 plântulas/m2 logo no início do crescimento das plântulas já se estabelece uma competição pela luz solar, condição que provoca a mudança precoce do estádio vegetativo para o reprodutivo com elongamento das hastes e aumento da altura das plantas, aumentando o risco de perdas de forragem por tombamento de plantas. Por isso o primeiro uso da pastagem por meio do pastejo deverá ser quando a planta alcançar no máximo 80% da sua altura alvo para uma pastagem já estabelecida.
Por outro lado, as alturas alvo de saída dos animais do piquete após o primeiro pastejo devem ser 20% maiores que aquelas recomendadas para pastagens já estabelecidas. Isso porque no primeiro crescimento da pastagem, apesar do grande número de plantas por área, o número de perfilhos por planta é menor do que nos crescimentos subsequentes. Como após o primeiro pastejo o número de plantas será 10 a 33% do número de plântulas que emergiram após a germinação das sementes e o número de perfilhos por planta será menor que nos crescimentos seguintes, é preciso deixar a planta mais alta para que fique com maior área foliar remanescente.
Para não ficar cansativo vamos interromper por aqui e na próxima semana concluirei esse conteúdo – por favor aguarde.
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