top of page

Artigo: Parâmetros para a Definição do Primeiro Uso da Pastagem – Parte 02


Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

 

Dando continuidade à sequência de textos sobre “estabelecimento da pastagem” (veja as publicações os dias 02, 04, 14 e 26 de novembro de 2024), o objetivo deste texto é estabelecer os fundamentos para a definição do primeiro uso da área recém-estabelecida, seja por meio do pastejo ou pela colheita mecânica da forragem.

 

 

Mas porque 67 a 90% das plantas desaparecem após o primeiro pastejo? Estas plantas são provenientes de sementes que germinaram após duas semanas do início da germinação. Ou seja, o estande de plantas adultas na pastagem já estabelecida será definido pelas plantas cujas sementes emergiram nas primeiras duas semanas após o início da germinação. Plantas que emergem tardiamente vão encontrar uma competição por fatores de crescimento com aquelas plantas que emergiram nas primeiras duas semanas. Assim não desenvolvem um sistema radicular vigoroso e profundo e são arrancadas por ocasião do primeiro pastejo, mas estas plantas arrancadas iriam morrer de uma maneira ou de outra, ou por ataque de insetos pragas ou acometidas por doenças, ou na primeira seca de sua vida, porque serão menos vigorosas.

 

Mas aqui um produtor ou um técnico me interrompe e pergunta: mas eu sempre ouvi e sempre deixei o pasto florescer e produzir sementes no primeiro ano após o seu plantio. Eu respondo que esperar o pasto florescer e produzir sementes é perda de tempo, de produção e consequentemente de dinheiro. Mas ai um interlocutor comenta: mas se o pasto não florescer os animais irão arrancar as plantas jovens com parte aérea e raiz diminuindo o estande de plantas; outro interlocutor pondera: mas se o pasto não florescer antes dos animais pastejarem não haverá queda de sementes que são importantes para após a sua germinação estabelecerem um estande de plantas mais uniforme, cobrindo todo o solo.

 

Aí eu explico melhor: quando ocorre atraso do primeiro pastejo, as plantas alcançam alturas acima dos alvos de manejo, passam do estádio de crescimento vegetativo para o reprodutivo, quando elongam suas hastes, ficam mais altas e mais pesadas. É comum ocorrerem perdas de forragem por tombamento das plantas mesmo antes da entrada dos animais no piquete, provocadas por ventos e chuvas fortes. Se não ocorrerem este tipo de perda antes do primeiro pastejo, ocorrerão com certeza pelo pisoteio dos animais após a sua entrada nos piquetes. Para evitar estas perdas o ideal seria colher a forragem mecanicamente pelos processos de ensilagem, ou de pré-secagem ou de fenação. Mas é preciso que esta colheita mecânica esteja dentro do planejamento como um plano B, que seu custo esteja orçado e que a forragem conservada tenha uma finalidade definida previamente. Não dá para ser uma decisão de última hora.

 

A forragem perdida pelo tombamento das plantas pode trazer várias consequências negativas, tais como: atraso na rebrota subsequente e não acumulo de forragem suficiente para suportar animais na seca seguinte, principalmente se esta perda ocorrer já no final das chuvas; mortes de plantas onde houve o tombamento das mesmas e os animais pisoteiam o solo úmido, com formação de lama; ou morte de plantas no início da estação chuvosa seguinte por causa da grande perda de água por transpiração durante a seca através da alta área foliar, e pela imobilização de nutrientes pelas bactérias decompositoras (os nutrientes nitrogênio, fósforo e enxofre) ao decomporem uma grande quantidade de palha; aumento de ataque de cigarrinhas que atacam pastagens cujos ovos e ninfas ficam mais protegidos pela palhada; distúrbios metabólicos nos animais devido a presença de fungos na palhada em decomposição.

 

Quando o produtor segue a sequência de procedimentos recomendada para o estabelecimento de uma pastagem o potencial de produtividade da área no primeiro ano de uso pode alcançar 25 a 39 arrobas por hectare, produtividade que a preços atuais da arroba torna possível amortizar o investimento já no primeiro ano.

 

Ou seja, enquanto o produtor tradicional está esperando o pasto crescer livremente, florescer, produzir e lançar sementes ao solo, o novo período chuvoso para que as sementes caídas germinem, as plântulas emergirem, crescerem e se tornarem plantas adultas, o produtor tecnificado já produziu entre 25 a 39 arrobas por hectare e já pagou o investimento.

コメント


bottom of page