top of page

ARTIGO: Estabelecimento de Pastagens por Mudas – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

 

A sequência de procedimentos que apresentei para o plantio de pastagens por meio de sementes deve ser seguida para o plantio de pastagens por meio de mudas. A saber: escolha da área, medida e mapeamento da área, coleta de solo para análise, interpretação das análises de solos e recomendações de correção e adubação, estudo das condições do ambiente para a escolha das espécies forrageiras, planejamento, execução com a limpeza do terreno, correção e preparo do solo.

 

As diferenças começam na etapa da compra das sementes, quando então o produtor deverá se preocupar com a aquisição de mudas. Estas podem ser compradas de produtores especializados na produção de mudas, ou são ganhadas de produtores vizinhos e de produtores amigos. Aqui é preciso ter muito cuidado porque existe muita confusão em relação à identificação das espécies e mais ainda de variedades e de cultivares dentro das espécies. Isso porque o produtor não sabe como identificar e diferenciar as plantas por meio de suas características botânicas. Por exemplo, tem sido um problema os erros na identificação de espécies e cultivares de forrageiras do gênero Cynodon sp, tem muitas misturas em viveiros onde as mudas são colhidas. Este tipo de problema pode ser evitado com a compra de mudas de produtores especializados ou quando o produtor ganhar as mudas um técnico deverá ir até a área para identificar e diferenciar as forrageiras.

 

Nas áreas de onde as mudas serão colhidas é fundamental seguir a seguinte sequência de procedimentos: colocar animais para pastejarem na área; após a retirada dos animais da área roçar o resíduo pós-pastejo; na rebrota se houver a presença de plantas daninhas e de insetos pragas fazer seu controle; adubar de acordo com o resultado de análise de solo para aumentar o volume e melhorar a qualidade das mudas que serão colhidas.

 

As mudas podem ser cortadas com equipamentos manuais (enxada, enxadão, segadora), roçadora costal ou segadora mecanizada. A colheita de mudas de Amendoim forrageiro deve preferencialmente ser com enxada manual para colher mudas de melhor qualidade e com maior viabilidade de brotação.

 

É preciso planejar a data limite para a execução destes procedimentos para que as mudas tenham uma idade entre três e seis meses de rebrota para estarem maduras e com gemas desenvolvidas. Mudas muito tenras podem morrer por apodrecimento ou por desidratação se logo após o seu plantio ficar muitos dias chuvosos e com muita nebulosidade ou muitos dias seguidos de estiagem, respectivamente.

 

Os métodos de plantio por meio de mudas são variados como pode ser observado no quadro abaixo.






 

Método de plantio

Forrageira

Na cova

A lanço sobre um solo gradeado

No sulco manual

No sulco mecanizado em um solo gradeado

No sulco mecanizado em plantio direto

Arachis sp

X  

X

X

X

X

Brachiaria sp

X

X

X

X

X

Cynodon sp

X   

X

X

X

X

Digitaria sp

X

X

X

X

X

Echinochloa

X

X

X

X

X

Pennisetum

X

 

X

X

 

 

A quantidade de mudas demandada varia de acordo com o método de plantio, como observa-se no quadro abaixo.

 

Método de plantio

Rendimento de trabalho

Espaçamento (m)

Demanda de mudas (t/ha)

Rendimento de 1 ha de viveiro por colheita (ha)

Na cova

15 a 20 diárias/ha

0,25 x 1,0

3,0 a 4,0

10

Em sulcos

11 a 16 diárias/ha

0,25 x 1,0

2,0 a 2,5

15

A lanço

6 a 11 diárias/ha

 

4,0 a 5,0

7

Mecanizado

3 a 4 ha/dia

0,25 x 1,0

2,0 a 2,5

15

 

No caso da adubação de plantio o adubo é depositado dentro da cova ou do sulco antes da deposição das mudas, e no plantio a lanço o adubo de plantio é aplicado a lanço antes de espalhar as mudas sobre o terreno.

 

Como as sementes, as mudas devem ser cobertas por terra para evitar que fiquem expostas à radiação solar e se desidratem podendo até morrer, se houver estiagem prolongada. Quando o plantio é feito com mudas com reservas e gemas maduras, e sendo enterradas, podem tolerar entre duas a três semanas de estiagem sem perder significativamente sua viabilidade. O enterro das mudas e a compactação do solo também possibilita maior superfície de contato muda/solo acelerando e uniformizando a brotação das mesmas.

 

No caso do plantio de capim-tifton 85 existem vários ingredientes de herbicidas que podem ser aplicados em pré-plantio e em pré-emergência. No caso do plantio de cultivares de capim-elefante tem alternativas para pré-emergência.

 

O sucesso do estabelecimento de pastagens por meio de mudas é mais dependente da regularidade das chuvas e da umidade do solo do que o estabelecimento por meio de sementes. Assim, é prudente esperar um acúmulo de pelo menos 100 mm de chuvas e só plantar quando o solo estiver úmido e ou houver previsão segura de chuvas para os próximos dias.

 

Em condições de temperatura e umidade adequadas a brotação das mudas tem início entre sete e 10 dias após o plantio. É preciso anotar a data deste evento para em três a quatro semanas fazer uma adubação de cobertura, geralmente com nitrogênio e potássio, e em até seis semanas controlar plantas daninhas. Anotar a data da adubação de cobertura. Mais duas a três semanas após a adubação de cobertura recomenda-se um primeiro pastejo ou uma primeira colheita mecânica (ensilagem ou fenação ou pré-secagem). Mas um parâmetro mais consistente que dias é a altura alvo para cada forrageira. A desfolha neste estádio é fundamental para estimular o perfilhamento e o enraizamento das plantas, aumentar a área foliar e a densidade da massa de forragem e a cobertura rápida do terreno.

Comentarios


bottom of page